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Foto do escritorRoberta Advogada

A música brasileira decaiu mesmo? Ou são apenas novos tempos?

Muita gente diz que hoje em dia a música só fala em sexo, ''raba'', ''sentar'', que os artistas não têm boa voz, ainda mais nas versões ao vivo, que as letras mais antigas eram bem melhores, mais bonitas e profundas, que antigamente não havia ''baixarias''...

É até recorrente este tipo de comentário nas rodinhas de amigos em bares, festas, no trabalho, no ponto de ônibus, nos papos entre casais no Tinder e onde for.


Será isso realmente verdade?

Bem, vamos analisar isso de forma mais profunda e vamos por partes.


Primeiramente, sim, o cenário musical mudou e o que era importante outrora, hoje já não é mais tão importante assim.


A complexidade tanto de letras e de arranjos inexiste (via de regra), a aparência, a atitude e a dança são mais importantes que a voz, em um show é mais importante tirar fotos e arrecadar brindes e usar pulseirinhas de neón, beber e paquerar; e as músicas são descartáveis (não só brasileiras, mas boa parte das internacionais, também_ não podemos também apenas subestimar brasileiros e ''pagar pau pra gringo'', tem muita coisa ''da gringa'' ruim vendendo como água e sendo consumida aqui no Brasil como Coca-Cola no deserto, também).



Mas neste post quero focar apenas na música nacional BRASILEIRA.



Vamos traçar um paralelo entre algumas letras dos anos 1980 a 1990_ e letras atuais, comparando duas músicas por vez, e vendo o que afinal mudou (e se realmente mudou tanto assim).



  1. Cheia de Manias (Raça Negra, 1992) X Vuk Vuk (Kevin, O Chris, 2023)


No clássico do pagode do Raça Negra, de 1992 (ouso dizer que é o maior clássico do pagode nacional de todos os tempos), o personagem masculino fala de uma mulher bonita, segura e sensual, que conhece seus atributos físicos e encanto, e os usa para deixá-lo cada vez mais apaixonado.

Ela não gosta de cinema, ou seja, não quer muito romance (o cinema representaria um amor mais ''inocente''), mas ela vai com ele ao motel, e o deixa cada vez mais louco.

Ela é cheia de manias, dengosa, coloca o cara para ''rebolar''.



A música fala claramente em sedução e sexo, usando inclusive a palavra ''motelzinho'', com todas as letras (e não de forma apenas insinuada).

É um amor carnal, estimulado pelo poder de sedução dessa mulher ''fatal'' sobre este homem (falat aos olhos dele, obviamente).

"Com esse seu jeito faz o que quer de mim'', é um trecho que deixa muito claro que ele está totalmente dominado e entregue a esta paixão.





Já em 2023, o caxiense Kevin O Chris, hoje com 26 anos de idade, opta por falar de sexo de uma forma muito mais explícita que o Raça Negra em 1992.

Na canção ''Vuk Vuk'' ele faz claras menções a sexo oral e a sexo em várias posições no motel, por exemplo.


Na canção, o personagem fala de uma relação sexual em um motel, entre ele e uma mulher, com teto espelhado, cama redonda, ar condicionado bem gelado, fumacinha de gelo seco e tudo que tem direito.

E começa a descrever cada detalhe dessa relação e fazer vários pedidos à moça, a maioria de posições sexuais e sexo ora, mas sempre destacando que é tudo consentido e feito com amor e com carinho.


A canção é dançante e tem um ritmo contagiante e envolvente_ e se tornou um hit certo, impulsionado também por tocar diversas vezes nas festas do BBB 24.



Faz um vuk vuk sentando de quatroFaz um vuk vuk sentando de quatro(Quatro, quatro, quatro) quica, quica, quicaQuica, quica, quica (Kevin o Chris manda pra elas)

Teto espelhado, cama redonda, faz o movimentoQuarto gelado, fogo na bomba, fumaça no ventoDe frente, de lado, por cima, por baixo, gemendo baixinhoCom amor e com carinho

Faz um vuk vuk sentando de quatroVem no chupe chupe, babado e molhadoJoga de ladinho que eu vou encaixandoCara de safada, vai movimentando

Faz um vuk vuk sentando de quatroVem no chupe chupe, babado e molhadoJoga de ladinho que eu vou encaixandoCara de safada, vai movimentando, oh

Teto espelhado, cama redonda, faz o movimentoQuarto gelado, fogo na bomba, fumaça no ventoDe frente, de lado, por cima, por baixo, gemendo baixinhoCom amor e com carinho

Faz um vuk vuk sentando de quatro (quica, quica, quica)Vem no chupe chupe, babado e molhadoJoga de ladinho que eu vou encaixando (quica, quica, quica)Cara de safada, vai movimentando





2. Rap da Felicidade x Dentro da Hillux


A primeira canção, vindo das favelas do Rio, faz uma clara crítica social




A segunda fala de ostentação, carro de luxo e sexo sem compromisso






3. Proteção x Ram Tchum


A primeira canção é também uma dura crítica política e social


A segunda apenas fala de carros e ostentação





4. Uma história de amor x Baile de Favela


A primeira fala de um amor perdido que o personagem masculino tenta recuperar



a segunda apenas fala de um baile na favela onde rola muito sexo e orgia, até assar as partes íntimas da mulher





5. Popstar x Freio da Blazer (Camaro Amarelo)


Na primeira, o rapaz sonha em se tornar um popstar e se casar com a moça, ter um filho com ela, que também vai ser um roqueirinho



na segunda, ele apenas sonha em ''comprá-la'' com uma blazer e uma renegade


E na terceira, com um Camaro amarelo, carro de luxo italiano




6. Outra vez x Bebida na ferida


A música de fossa de Isolda eternizada na voz do Rei fala de um amor perdido de forma romântica e muito profunda



A segunda apenas fala que o cara foi resolver sua fossa bebendo no bar até cair e (tentar) esquecer




7. Marvada pinga x Bebaça


















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